Como Usar As Calculadoras Médicas

O que são?

Calculadoras médicas são ferramentas matemáticas que auxiliam nas decisões médicas na prática diária. Existem diversos tipos de cálculos que direcionam o tratamento ou classificam o estado de saúde do paciente em todos os âmbitos da Medicina: estudos clínicos, consultório, pronto socorro, uti e etc.

Como usar?

É necessário conhecer a existência da calculadora e como interpretar o resultado para tomar uma decisão relevante e baseada em dados científicos. Hoje em dia existem diversos sistemas que consolidam as principais fórmulas de forma prática e fácil. A seguir veremos alguns exemplos de como utilizar alguns desses cálculos.

Função Renal

O exame mais amplamente usado para medir função renal é a creatinina, porém seu valor absoluto pode não refletir a realidade de quanto os rins estão realmente filtrando o sangue de forma efetiva. Para saber disso com mais precisão foram validadas algumas fórmulas como a conhecida no meio médico Cockroft-Gault e a MDRD. Vejamos alguns exemplos com o mesmo valor como pode representar situações diferentes.

Caso 1

Homem, 35 anos, 80 Kg, Caucasiano, Creatinina 1,5

Cálculos

Cockroft-Gault → 77.78 mL/min

MDRD → 56.6 mL/min CKD-EPI → 59.5 mL/min

Interpretação

De forma simplificada é como se os rins estivessem funcionando 77%, 56,6% e 59,5% respectivamente. Observe que os cálculos dão resultados diferentes por que cada um leva mais em conta alguma característica específica.

Caso 2

Mulher, 82 anos, 60kg, Afrodescendente, Creatinina 1,5

Cálculos

Cockroft-Gault → 27.39 mL/min

MDRD → 42.8 mL/min CKD-EPI → 37.2 mL/min

Interpretação

Da mesma forma é como se os rins estivessem funcionando 27,39% 42,8% e 37,2% respectivamente. Note que a grande diferença entre o cálculo do funcionamento renal dos dois casos sendo que o resultado do exame é o mesmo. No caso 2 a paciente tem que ser avaliada com mais cuidado para receber medicações como anti-inflamatórios ou suplementos com cálcio e etc.

Colesterol

Quando devemos iniciar um tratamento direcionado para um paciente com colesterol alterado? É igual para todos? Claro que não, cada caso depende de diversos fatores associados para tomar uma decisão. Pacientes com colesterol considerado normal eventualmente precisam de tratamento devido os outros fatores de risco para doença cardiovascular. Seguem dois exemplos:

Caso 1

Homem, 45 anos, caucasiano

Colesterol total 203 → HDL 52

Pressão Arterial 130×90 mmHg,

Sem uso de medicação para hipertensão

Tabagista

Não diabético

Risco calculado de ter um evento cardiovascular em 10 anos pelos critérios da American Heart Association → 0,8%

Interpretação:

Não há necessidade de iniciar uma terapia direcionada para reduzir o colesterol apesar de ser um paciente tabagista, pois seu risco é menor do que 5%.

Caso 2

Mulher, 62 anos, Afrodescendente

Colesterol total 203→HDL 52

Pressão Arterial 130x90mmHg

Sem uso de medicação para hipertensão

Tabagista

Diabética

Risco calculado de ter um evento cardiovascular em 10 anos pelos critérios da American Heart Association→ 28,1%

Interpretação

Note que algumas mudanças nas características do paciente aumentam o risco em 20%. Portanto há clara necessidade de terapia direcionada para redução do colesterol apesar dos valores absolutos serem idênticos nos dois casos.

Conclusão

Saiba que todo tratamento e intervenção médica deve buscar ao máximo ser individualizado e direcionado para as necessidades específicas de cada um. O profissional de saúde deve conhecer as ferramentas disponíveis para auxiliar nas decisões terapêuticas. Neste site disponibilizamos um acesso ao sistema do Qx Calculate que contém a maior parte de todas as calculadoras necessárias na prática clínica.