Como Fortalecer a Imunidade

Imunidade

Introdução

Em tempos pandêmicos de COVID-19 muitas perguntas relacionadas ao sistema imune aparecem na prática clínica. Destaco nesse texto as principais respostas relacionadas aos questionamentos.

O que é?

A imunidade é definida como a capacidade de resistir a um agente causador de doença, sendo externo (infecções) ou interno (câncer).

Pra que serve?

As funções principais são a defesa contra infecções e detecção e destruição de células malignas. À medida que o sistema imunológico envelhece essas capacidades diminuem, há um aumento da suscetibilidade a infecções e câncer e uma maior incidência de doenças autoimunes.

O quanto se sabe?

O estudo das mudanças relacionadas a função imunológica é relativamente novo, ainda em investigação, limitado pela falta de conhecimento dos mecanismos imunológicos. A maioria das pesquisas concentra-se nas mudanças normais na função imunológica, e muitos dos dados disponíveis são de estudos com animais. Além disso, não há intervenções clínicas que tenham demonstrado definitivamente conter o envelhecimento imunológico até a presente data, infelizmente.

Classificação

Inata

A imunidade inata refere-se a respostas imunes que estão presentes desde o nascimento e não foram aprendidas, adaptadas ou refinadas ao longo do tempo é composto por: barreiras epiteliais (pele, mucosa gastrointestinal e respiratória), macrófagos, neutrófilos, células Natural Killer, células T natural killer, células dendríticas e proteínas do complemento.

Adaptativa

A imunidade adaptativa, que consiste nas respostas dos linfócitos T e B, diferencia-se e amadurece durante a vida de um indivíduo como resultado da exposição ao ambiente.

O envelhecimento afeta a imunidade inata e adaptativa, embora os mecanismos imunológicos inatos sejam mais bem preservados de modo geral.

Como saber se minha imunidade está baixa?

Não existe um sintoma específico da imunidade e nem um exame laboratorial único que indique o nível da imunidade de cada pessoa. É muito comum o paciente relatar que a “imunidade está baixa” por fadiga excessiva, porém não há relação direta entre esse sintoma e o sistema imune.

Ao notar infecções de repetição, manifestação de câncer, crises alérgicas ou auto-imunes há claramente uma disfunção imune que merece ser investigada.

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Como aumentar imunidade do corpo?

Nutrição

A desnutrição está diretamente associada a baixa imunidade, em particular, na diminuição da função das células T. Também está associada a um risco aumentado de infecções.

Deficiências de vitaminas A e E, vitamina C, vitamina B12 e folato, vitamina B6, vitamina D, bem como zinco, selênio, magnésio, e cobre, foram descritas em adultos como “redutoras” de imunidade, ainda que os efeitos dessas deficiências na função imunológica ainda não são muito claros.

Portanto uma alimentação saudável aliada a suplementação de vitaminas e minerais pode contribuir para uma boa resposta imune desde que realizada com o devido acompanhamento médico, porém não é suficiente para manter as defesas em plena forma como alguns afirmam.

Fique Esperto​

Alguns alimentos naturais são associados pela cultura popular como fortalecedores de imunidade tais como frutas, alho, mel, açafrão, própolis etc. Contudo, há necessidade de maior investigação com rigor científico. Do mesmo modo a fórmula mágica, soro mágico, remedinho caseiro milagroso ou shot da imunidade carecem de estudos mais robustos para comprovar o fortalecimento do sistema imune. Podemos afirmar que o equilíbrio de diversos fatores nutritivos, biológicos e psicológicos é a chave para boa imunidade. Agende uma consulta para avaliação completa.

Vitaminas e alimentos

Segue um guia básico de quais alimentos possuem quais vitaminas para uma boa nutrição:

 

  • Vit A Manteiga, leite, gema de ovo, fígado, espinafre, chicória, tomate, mamão, batata, cará, abóbora
  • Vit B1 Carne de porco, cereais integrais, nozes, lentilha, soja, gema de ovo
  • Vit B2 Fígado, rim, lêvedo de cerveja, espinafre, berinjela
  • Vit B3 Levedo, fígado, rim, coração, ovo, cereais integrais
  • Vit B5  Fígado, rim, carnes, gema de ovo, brócolis, trigo integral, batata
  • Vit B6 Carnes de boi e de porco, fígado, cereais integrais, batata, banana
  • Vit B7 Gema de ovo, soja, miolo, fígado, rim
  • Vit B12 Fígado e rim de boi, ostra, ovo, peixe, aveia
  • Vit C Limão, laranja, abacaxi, mamão, goiaba, caju, alface, agrião, tomate, cenoura, pimentão, nabo, espinafre
  • Vit D Óleo de fígado de peixes, leite, manteiga, gema de ovo, raios de sol
  • Vit E Germe de trigo, nozes, carnes, amendoim, óleo, gema de ovo
  • Vit H ou biotina Fígado e rim de boi, gema de ovo, batata, banana, amendoim
  • Vit K Fígado, verduras, ovo
  • Ácido fólico Carnes, fígado, leguminosas, vegetais de folhas escuras, banana, melão
  • Ácido paramino-benzóico Carnes, fígado, leguminosas, vegetais de folhas escuras
  • Inositol Existe em todas as células animais e vegetais

Exercício físico

Há evidências de que exercícios moderados de longo prazo podem melhorar a imunidade em adultos
Os dados disponíveis sugerem que o número de células T CD8 + e natural killer pode ser transitoriamente elevado pelo exercício de curto prazo
Um pequeno ensaio controlado (14 pacientes em cada braço) sugeriu que exercícios aeróbicos regulares podem aumentar a resposta imunológica à vacinação contra influenza.
Outro pequeno estudo relatou que o exercício de curto prazo em 20 octogenários resultou em aumento do número de granulócitos, monócitos e linfócitos T CD4 +, enquanto a proliferação de células T e o número de células NK CD56 diminuíram após o exercício.
Sessenta voluntários idosos sedentários (idades de 61 a 67 anos) foram randomizados para um exercício aeróbico supervisionado de 40 minutos em esteira versus treinamento de resistência três vezes por semana durante seis meses. O grupo de exercício aeróbico de longo prazo pode contribuir para reduzir a inflamação em adultos.
O efeito do ciclismo foi estudado em 125 adultos com idade entre 55 e 79 anos e comparado com 75 adultos mais velhos da mesma idade e 55 adultos jovens que não faziam exercícios regulares. Os ciclistas tiveram uma frequência maior de células T novas em comparação com o grupo de controle inativo. Idosos ativos também apresentavam níveis mais baixos de IL-6, que é uma citocina pró-inflamatória, e níveis mais altos de IL-7, que é protetora.
Por outro lado, exercícios excessivos podem ser imunossupressores, e o impacto do exercício provavelmente depende do estado de saúde do paciente, bem como da intensidade e do tipo de exercício realizado.

Além disso, são necessários estudos que examinem o desfecho clinico relevante de reduções na frequência de infecções e não somente nos efeitos celulares.

Estresse

Há alguns dados sugerindo que o estresse crônico está associado envelhecimento imune acelerado e que as terapias de gerenciamento do estresse, incluindo suporte psicossocial e habilidades de enfrentamento, podem reverter esse envelhecimento.

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Resumo

  • Não há conhecimento científico suficiente para o entendimento total da imunidade.
  • A principal função do sistema imune é defender o corpo de infecções (micro-organismos) e do câncer.
  • Não existe exame único ou sintoma da imunidade, portanto há necessidade de avaliação de saúde global com seu médico regularmente. 
  • Remédios caseiros não são suficientes para manter boa imunidade, mas podem contribuir.
  • Já existem bons estudos evidenciando que a boa nutrição, exercício físico e redução do estresse são armas poderosas para se manter com a imunidade em dia.
  • No aspecto nutricional, suplementação por polivitamínicos ou receitas caseiras naturais de frutas e alimentos naturais auxiliam no fortalecimento da imunidade.
  • Faça avaliação médica regular para saber como está sua saúde.
  • O termo imunidade de grupo refere-se ao contato de um grande numero de pessoas com um determinado agente etiológico que ao desenvolverem imunidade impedem a propagação rápida do agente.

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