Epidemiologia
Introdução
Os coronavírus são importantes patógenos humanos e animais. No final de 2019, um novo coronavírus foi identificado como a causa de um grupo de casos de pneumonia em Wuhan, uma cidade na província de Hubei, na China. Ele se espalhou rapidamente, resultando em uma epidemia em toda a China, seguida por uma pandemia mundial. Em fevereiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde designou a doença COVID-19, que significa doença do coronavírus 2019. O vírus que causa COVID-19 é denominado síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2 (SARS-CoV-2).
Incubação
O período de incubação para COVID-19 é geralmente dentro de 14 dias após a exposição, com a maioria dos casos ocorrendo aproximadamente quatro a cinco dias após a exposição
Fatores de risco para doença grave
A doença grave pode ocorrer em indivíduos saudáveis de qualquer idade, mas ocorre predominantemente em adultos com idade avançada ou comorbidades médicas.
Diversas ferramentas de previsão foram propostas para identificar pacientes com maior probabilidade de ter doença grave com base em características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais; entretanto, a maioria dos estudos que avaliam essas ferramentas são limitados pelo risco de viés e nenhum foi avaliado prospectivamente ou validado para o manejo clínico.
Fatores de risco estabelecidos
- Câncer
- Doença renal crônica
- Doença pulmonar obstrutiva crônica
- Estado imunocomprometido por transplante de órgão sólido
- Obesidade (índice de massa corporal ≥30 kg / m2)
- Gravidez
- Doença cardiovascular grave
- Insuficiência cardíaca
- Doença arterial coronária
- Cardiomiopatias
- Anemia falciforme
- Fumar
- Diabetes mellitus tipo 2
Possíveis fatores de risco
- Asma (moderada a grave)
- Doença cerebrovascular
- Fibrose cística
- Hipertensão ou pressão alta
- Estado imunocomprometido por transplante de células hematopoiéticas, HIV, uso de corticosteroides ou outros agentes imunossupressores, outras imunodeficiências
- Doença hepática
- Condições neurológicas, como demência
- Sobrepeso (índice de massa corporal ≥25, mas <30 kg / m2)
- Fibrose pulmonar (tendo tecido pulmonar danificado ou cicatrizado)
- Talassemia (um tipo de distúrbio do sangue)
- Diabetes mellitus tipo 1
Período de Transmissão
O intervalo preciso durante o qual um indivíduo com infecção por SARS-CoV-2 pode transmitir a infecção a outras pessoas é incerto. O potencial de transmissão da SARS-CoV-2 começa antes do desenvolvimento dos sintomas e é maior no início do curso da doença. O risco de transmissão diminui depois dessa fase. A transmissão após 7 a 10 dias da doença é muito improvável, particularmente para pacientes saudáveis com quadro leve a moderado.
No Brasil ainda é adotada de maneira geral a recomendação para isolamento de 14 dias a partir do 1º dia de sintoma.
Fique Ligado
Em uma revisão de 28 estudos, a duração média da RT-PCR positivo foi de 18 dias após o início dos sintomas. Em alguns indivíduos, o RNA viral foi detectado no trato respiratório vários meses após a infecção inicial. O RT-PCR positivo, entretanto, não indica necessariamente a presença de vírus infeccioso ou ativo, e sim vírus inativo, “morto”, incapaz de infectar outras pessoas. Apesar da ciência já saber disso, algumas empresas, erroneamente, ainda exigem um resultado negativo para retornar às atividades.
Letalidade
Letalidade ou fatalidade ou ainda, taxa de letalidade relaciona o número de óbitos por
determinada causa e o número de pessoas que foram acometidas por tal doença. Vemos constantemente a mídia reproduzir a letalidade baseada no calculo simples do número de mortos por COVID-19 dividido pelo número de casos. Na data de hoje, 30/12/2020, utilizando os dados da OMS temos uma taxa de letalidade de aprox. 2,2% que pode ser considerada alta. Contudo, essa análise simplificada não leva em conta os assintomáticos em diversos países e os pacientes não testados, a tão falada subnotificação. Em uma análise mais aprofundada, considerando essas variáveis, a letalidade geral se aproxima de 0,24%, nas faixas etárias mais jovens aprox. 0,05%.
Prevenção
Como guia básico de prevenção as autoridades sanitárias recomendam, para todos com foco em doentes crônicos, sintomáticos e idosos.
- Praticar o distanciamento social evitando multidões e mantendo uma distância de dois metros dos outros em público. Em particular, devem evitar o contato próximo com pessoas doentes.
- Usar máscaras quando estiverem em público.
- Lavar as mãos com cuidado. Preferencialmente com água e sabão. O uso de desinfetante para as mãos que contenha pelo menos 60% de álcool é uma alternativa razoável. A importância da higiene das mãos foi ilustrada por um estudo no qual amostras de muco inoculadas com o vírus SARS-CoV-2 foram aplicadas na pele humana notou-se que o SARS-CoV-2 e o vírus da Influenza foram inativados em 15 segundos após a exposição ao álcool a 80%.
- Higiene respiratória (por exemplo, cobrir a tosse ou espirro).
- Evitar tocar no rosto (em particular olhos, nariz e boca).
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies que são freqüentemente tocados.
- Assegurar ventilação adequada dos espaços internos. Isso inclui abrir janelas e portas, operar ventiladores de aquecimento / ar condicionado continuamente e usar sistemas portáteis de filtragem de ar particulado de alta eficiência.
O Uso de Máscaras é realmente eficiente?
A justificativa para todos (independentemente dos sintomas) usarem uma máscara em público é conter secreções e prevenir a transmissão de indivíduos com infecção, incluindo aqueles assintomáticos ou pré-sintomáticos.
Alguns estudos encontraram alguma evidência de que essa medida pode ter efeito, porém todos carecem de um grupo controle e maior parte deles usou como base o primeiro caso sabidamente doente e contaminado. Os próprios autores da maior meta-análise realizada sobre o tema, patrocinada pela OMS e publicada no The Lancet em Junho de 2020, reconhecem isso em sua interpretação: “Os resultados desta revisão sistemática e meta-análise apoiam o distanciamento físico de 1 m ou mais e fornecem estimativas quantitativas para modelos e rastreamento de contato para informar as autoridades. O uso de máscaras faciais, respiradores e proteção para os olhos em ambientes públicos e de saúde deve ser encorajado por essas descobertas e fatores contextuais. Ensaios clínicos randomizados robustos são necessários para informar melhor as evidências para essas intervenções, mas esta avaliação sistemática das melhores evidências disponíveis atualmente pode fornecer orientações provisórias.”
Quanto tempo dura a imunidade se o paciente já teve a Sars-Cov-2?
Somos noticiados pela mídia que os anticorpos em média duram 3 meses na circulação sanguínea conforme apontam alguns levantamentos, portanto a defesa contra uma reinfecção duraria apenas esse período. Entretanto, há uma extrapolação grande na afirmação, pois os anticorpos não são a única arma de defesa do sistema imune.
A SARS-Cov-1 surgiu em 2003, na Ásia, atingindo 8.000 pessoas de 26 países, com letalidade pelo menos dez vezes maior do que a SARS-Cov-2.
Em um estudo com 23 pacientes, dentre os 8.000 positivos para SARS-Cov-1 (2003), mostrou 100% de resposta imune para a SARS-Cov-2. Isso revela permanência da defesa, contra os dois coronavírus, após 17 anos. Este é um forte indício de que a imunidade na maioria das vezes é de longa duração.
Algumas análises de pessoas saudáveis que não haviam entrado em contato com a COVID-19 demonstrou 51% de pacientes com células T reativas ao SARS-Cov-2, ou seja já havia alguma memória imune protetora.
Os achados indicam que cerca de metade da população mundial pode ter o sistema imune preparado para combater a doença.
Outros estudos apontam defesa robusta contra a COVID-19 por meio das células T mesmo com anticorpos negativos ou baixos.
Uma outra análise recente acompanhou um grupo de 188 pacientes com boa resposta ao longo do tempo. Saiba mais aqui
Esses achados em conjunto, apontam que muito provavelmente, a maior parcela da população que entra em contato com a COVID-19 desenvolve memória de defesa de maneira efetiva por muitos anos, não havendo motivo para pânico da tão falada reinfecção.
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