Tontura

Introdução

Tontura é um termo inespecífico frequentemente usado pelos pacientes para descrever os sintomas. Os distúrbios mais comuns agrupados sob este termo são vertigem, tontura inespecífica, desequilíbrio e pré-síncope (sensação de desmaio). A primeira etapa da avaliação é enquadrar o paciente com sintomas típicos em uma dessas categorias.

O que Causa?

Duas causas muito frequentes são a intoxicação exógena por drogas e os efeitos colaterais de medicamentos. Considerando apenas as condições patológicas teremos:

Aproximadamente 40% dos pacientes com tontura apresentam disfunção vestibular periférica (popularmente chamada de labirintite ou VPPB)

10% têm uma lesão vestibular central do tronco cerebral (danos no nervo)

15% têm transtorno psiquiátrico

25% têm outros problemas, como: pré-síncope, hipotensão postural, desequilíbrio, infecções (COVID, Sepse, Dengue, etc.), doenças crônicas (linfoma, câncer, hipotiroidismo, diabetes etc.), problemas cardíacos.

O diagnóstico permanece incerto em aproximadamente 10% dos casos.

A distribuição das causas varia com a idade. Os idosos têm uma incidência maior de causas centrais de vertigem (chegando a 20%), na maioria das vezes devido a derrame.

Como descobrir a origem do problema?

A história clínica detalhada é fundamental para classificar a causa da tontura. Estudos apontam que ela é a ferramenta mais sensível para identificar vertigem (87%), pré-síncope (74%), distúrbios psiquiátricos (55%) e desequilíbrio (33%). O exame físico geralmente confirma a suspeita, mas não faz o diagnóstico.

Mudanças de posição, como virar a cabeça no travesseiro, levantar rápido, podem alterar a pressão arterial e os batimentos. Observar a marcha e detectar a presença de nistagmo são úteis no exame físico.

A maioria dos transtornos psiquiátricos (Estresse, Ataque de pânico, etc.) não é detectada antes do teste psicológico padronizado.

Não surpreendentemente, nenhum paciente pensou na probabilidade de uma causa psiquiátrica para tontura em um estudo.

Quando realizar exames?

Após avaliação clínica, diversos exames complementares podem confirmar a causa da tontura e consequentemente conduzir a um tratamento correto.
Sempre é prudente realizar uma avaliação geral de saúde pois diversas condições podem influenciar no quadro como distúrbios hormonais, anemia, arritmias, demência, etc.
Também existem exames voltados especificamente para cada causa de tontura, como doppler transcraniano com variação postural, teste otoneurológico, ressonância magnética, audiometria e ergométrico.

Tais testes são úteis se utilizados da forma correta para cada suspeita diagnóstica. Agende uma consulta e faça uma avaliação detalhada.

Tontura em Idosos

A tontura em idosos merece um destaque por causa de sua alta prevalência, até 38 % em alguns estudos, risco de quedas, incapacidade funcional, institucionalização e até morte.

A avaliação nestes pacientes é um desafio porque é frequentemente atribuível a vários problemas, incluindo vertigem, doença cerebrovascular, distúrbios do pescoço, sedentarismo e medicamentos. A deficiência visual de catarata e outras condições também são comuns e provavelmente exacerba a deficiência associada à tontura. Um estudo descobriu que 44% dos pacientes com idades entre 65 e 95 anos tinham mais de uma condição que causava tontura. Alguns chamam essa entidade de tontura por defeito sensorial múltiplo.

Em um estudo de base populacional de 1.087 indivíduos que vivem na comunidade de 72 anos de idade ou mais, 24% relataram ter um episódio de tontura durante os dois meses anteriores ao início do estudo e que a tontura (persistente ou intermitente) tinha sido presente há pelo menos um mês. Os investigadores encontraram sete características que foram independentemente associadas à tontura em sua análise:

  • Ansiedade
  • Sintomas depressivos
  • Desequilíbrio
  • Infarto do miocárdio
  • Hipotensão postural (diminuição média da pressão arterial ≥20 por cento)
  • Cinco ou mais medicamentos
  • Deficiência auditiva
Casal de idosos

Apenas 10% dos participantes do estudo sem nenhuma dessas sete características relataram tontura. A presença de tontura aumenta nos pacientes que tem mais condições acumuladas. Os autores concluíram que, embora a tontura em alguns indivíduos mais velhos possa ser causada principalmente por um problema, muitos provavelmente têm uma causa multifatorial.

Um estudo de 417 pacientes com idades entre 65 e 95 anos descobriu que a maioria (69%) dos pacientes tinha tontura do tipo pré-síncope (sensação de desmaio). A doença cardiovascular foi o fator contribuinte mais comum em 57%, seguida por vestibulopatia periférica 14% e condições psiquiátricas 10%. Os efeitos colaterais dos medicamentos contribuem para a tontura em 20% a 25% dos casos.

Referências

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